A litíase urinária (“pedras nos rins”) é uma patologia muito comum, afetando cerca de 3% da população. Na maioria das vezes não se descobre a causa específica da formação dos cálculos (“pedras”), embora existam vários fatores de risco para o seu desenvolvimento: obesidade, ingestão exagerada de sal e proteínas, défice de ingestão hídrica, diabetes, alterações anatómicas do aparelho urinário, alterações genéticas específicas, entre outras.
A litíase urinária é a causa mais comum de cólica renal (dor muito intensa lombar condicionada pela obstrução do fluxo urinário), para além de os cálculos poderem potenciar infeções urinárias graves e deterioração da função renal. Nesta perspetiva, os cálculos urinários devem ser vigiados e, em muitos casos, tratados, de forma a evitar possíveis complicações graves.
Todos os doentes com “pedras nos rins” devem otimizar a ingestão hídrica e realizarem uma dieta com menos sal e menos proteínas. Dependendo do tipo de cálculo, podem ser administrados fármacos que modifiquem a acidez da urina e que ajudem a dissolver as pedras. No entanto, muitas pedras necessitam de tratamentos mais invasivos, dependendo da constituição química, localização e dimensão da “pedra”.
Eliminação de pedras com dimensão inferior a 2cm
Para as pedras localizadas no rim, com dimensão inferior a 2 cm, uma das opções mais eficazes é a chamada “cirurgia laser”, que consiste na introdução de uma câmara flexível pela uretra, bexiga, ureter e fragmentação/ vaporização da “pedra” com recurso a energia laser. Este procedimento (chamado de ureterorrenoscopia com litotrícia laser) tem a vantagem de tratar o cálculo num tratamento único, sem necessidade de “cirurgias abertas”. Outra opção, neste caso não cirúrgica, consiste no tratamento com Litotrícia Extracorpórea (“LEOC”), um tratamento em que a “pedra” é fragmentada com recurso a uma máquina que produz ondas de choque.
Para cálculos renais maiores
Pode ser apropriado realizar uma cirurgia mais complexa que consiste na introdução de uma câmara através da pele em direção ao rim e a remoção da “pedra” através de um canal de trabalho (procedimento chamado de nefrolitotomia percutânea). Note-se que ainda existem casos de pedras tão grandes e complexas, associadas a rins já cronicamente deteriorados, que necessitam da remoção cirúrgica total do rim.
“Pedras” localizadas no ureter
As “pedras” que estão localizadas no ureter provocam obstrução do rim e necessitam de tratamentos mais urgentes. Se estas pedras não saírem espontaneamente, devem ser sujeitas a cirurgia, sendo habitual o recurso à cirurgia laser (já explicada anteriormente).
Em conclusão, a litíase renal deve ser avaliada pelo Médico de Medicina Geral e Familiar e em muitos casos pelo Urologista, de forma a selecionar os melhores tratamentos (eventualmente cirúrgicos) e evitar o reaparecimento dos cálculos.