É assim que Márcia Goulart, uma das Enfermeiras da Valebesteiros, descreve o seu dia a dia, dentro ou fora da clínica. Um artigo de opinião para ler e refletir.
A maior das Artes do Enfermeiro prende-se com o Cuidar, Cuidar do doente, Cuidar da família do doente, Cuidar, Cuidar, Cuidar.
O objetivo principal sempre foi cuidar do doente no conforto do lar, junto da sua família, respondendo a todas as necessidades de ambos e tornando o processo mais fácil, cómodo, de qualidade e com a maior dignidade possível.
Os nossos cuidados ao longo destes anos foram muito variados, desde pequenas visitas para responder às necessidades no momento tais como tratamento de feridas, administração de medicação (medicação intravenosa, intramuscular, subcutânea, soroterapia, enemas…), algaliações, entubações nasogástricas, aspiração de secreções, entre tantas outras intervenções.
Até ao apoio domiciliário, prestado durante alguns dias, por algumas horas e também 24h por dia, 7 dias por semana… E quanto a este aspeto há muito para referir.
Lembro-me bem do meu primeiro domicílio: uma senhora, com 97 anos, portadora de uma doença em fase terminal, a quem podemos dar um fim de vida com qualidade, dignidade e cuidados de excelência, e além disso, apoiar a família num momento difícil e de preparação para o luto.
É incrível como pequenos gestos, conversas, conhecimento, dedicação e Cuidado podem fazer toda a diferença.
Depois desta senhora, tive o prazer de ajudar, apoiar e Cuidar de tantas outras pessoas e famílias e ver reconhecida a nossa importância para elas.
Desde apoio no dia a dia, ensinos referentes a cuidados de higiene, mobilização e deambulação e outros, como visitas multidisciplinares com os nossos médicos, fisioterapeutas e outros profissionais, algumas em situações urgentes, para proporcionar cuidados de natureza holística e maximizar potencialidades dos nossos clientes, sem que estes necessitarem de sair do conforto do seu lar e do espaço que sempre conheceram como seu.
Márcia Goulart | Enfermeira pós-graduada em Enfermagem do Trabalho
“Cuidar dos Cuidadores” é um projeto que me preenche como profissional, quando o foco dos nossos Cuidados é a família.
Connosco os cuidadores informais têm a oportunidade de terem tempo para eles (sair para jantar, ir ao cinema, ao jogo de futebol do neto, amigo ou filho mais velho) e ficarem tranquilos, uma vez que o seu familiar estaria seguro e bem cuidado no seu lar.
Como serviços dispomos de Cuidados paliativos e em fim de vida, acompanhamento noturno ao fim de semana, horas das refeições para descanso dos cuidadores, acompanhamento em situações de vida social (casamentos, festas e até fins de semana fora da cidade), recuperação e acompanhamento pós-cirúrgico (próteses, cirurgias abdominais…), a consultas e apoio ao cuidador em fase debilitada do mesmo.
Lembro com carinho o Sr. H., 100 anos, tão bem cuidado pela esposa, que não hesitou em pedir os nossos Cuidados sempre que necessitava.
Para além de idosos, prestamos também cuidados a crianças e jovens – um sem número de situações a que respondemos com um Sim e com a certeza de cumprir a missão.
Mais recentemente, para além de todos estes serviços, temos a oportunidade de prestar apoio a Lares e/ou Estruturas Residenciais para Idosos, quer quando as equipas de enfermagem não dão resposta às necessidades (poucos elementos, novos contratos em outros locais de trabalho…) ou as equipas existentes necessitam de férias ou folgas, que nós prontamente colmatamos, para que não falte nada aos nossos Idosos.
Em suma, conhecemos pessoas, histórias e de certa forma, ajudamos para que sejam mais felizes, com maior qualidade e dignidade.
Sinto que deixamos uma marca nestas pessoas e/ou famílias e tenho ainda mais certeza disso quando, ano após ano, somos recomendados e continuamos a receber chamadas e mensagens de gratidão. E isto, sem dúvida, não tem preço.
